Jardim da Parada, Campo de Ourique
Francisco Romão Pereira | Jardim da Parada, Campo de Ourique
Francisco Romão Pereira

Paragens obrigatórias em Campo de Ourique

Comer, beber, comprar, passear. Levamo-lo a navegar pelo melhor de Campo de Ourique.

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É o bairro das famílias, dos parques infantis atestados, do comércio de rua e do cafezinho na esplanada cheia. No coração de Campo de Ourique está o Jardim da Parada, com o seu quiosque, o cipreste e a sequóia, que tem na Rua Ferreira Borges uma das artérias principais, à sombra de lódãos. As tascas cabem bem no bairro, que as tem bem firmes, talvez seguras pelo compasso lento do eléctrico 28. Mas em Campo de Ourique também se vive bem com queijos franceses, dumplings, sake e arte contemporânea. Para escolher conforme o gosto e o humor, eis as paragens a não perder num dos bairros mais "bairro" de Lisboa.

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Paragens obrigatórias em Campo de Ourique

  • Lisboa

A luz não é demasiada, o espaço é limitado o suficiente para ser acolhedor – sem ser pequeno. Há mesas e um balcão com bancos dos dois lados, mais alguns lugares junto ao bar. A carta, por agora, é breve. Numa folha, há quatro dumplings, disponíveis em doses de três ou de nove; um bao; uma salada; e um aviso: “Vêm mais receitas a caminho, estamos a trabalho nisso”. Na outra página, encontram-se oito cocktails de autor, um par de mocktails, vinhos, água com gás e cerveja Cuca, angolana. Uma empregada diferente daquela que deixou as ementas na mesa traz três copos, enche-os de água. “Já sabem o que vão pedir? Os cocktails são feitos no nosso laboratório do primeiro andar.” Neste speakeasy por detrás de uma retrosaria, as conversas podem ser muito, muito longas.

  • Japonês
  • Campo de Ourique
  • preço 3 de 4
  • Recomendado

De Nova Iorque para Campo
 de Ourique, Izumi Tezuka instalou-se numa esquina pouco provável da Rua Azedo Gneco em 2016 e começou o seu negócio de distribuição de sake. Aos poucos, a bebida japonesa foi conquistando mais gente e a garrafeira foi organizando degustações de sake premium
 e petiscos. O sake do dia vale 8€. Para uma prova mais completa, de sete sakes e snacks, é preciso reservar e soltar 55€ por pessoa.

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  • Bares
  • Estrela/Lapa/Santos

Na década de 70, o fundador, Luís Pinto Coelho, tinha ali uma loja de antiguidades onde aconteciam tertúlias a favor da revolução. O nome do bar é uma homenagem à revista de sátira de Rafael Bordalo Pinheiro e muitos dos seus desenhos estão nas paredes. Entre os clientes famosos está, por exemplo, José Cardoso Pires, que costumava monopolizar o enorme cinzeiro do balcão e enchê-lo de beatas. O espaço à porta fechada tem um ambiente intimista e convida a largas horas de boa conversa acompanhadas de um copo dos mais de 50 cocktails da carta, sendo que a margarita de gengibre tornou-se quase a bebida da casa e cura males em todas as estações.

  • Mercearias finas
  • Campo de Ourique

A Fábrica Paupério chegou a Lisboa com uma loja em Campo de Ourique, a primeira fora do Norte, com bolachas centenárias, pão-de-ló, marmelada e geleia, em latas inspiradas nos designs dos anos 1950 ou avulso. A loja tem mais de 40 variedades de biscoitos vendidos avulso ou nas latas que lembram os desenhos de meados do século XX, quando a Paupério atingiu o seu pico, um pão-de-ló e um bolo Rei que querem que se torne tão famoso na capital como já é pelo norte, a marmelada e a geleia de marmelo.

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  • Noite
  • Lisboa

Esta cooperativa foi criada em 1904 para fabricar pão mais barato para os habitantes da zona. Os tempos, felizmente, mudaram e, desde 2013, tornou-se a grande sala de convívio de Campo de Ourique: tem xadrez, matraquilhos, dardos, bifanas e bebidas a preços convidativos. Está sempre cheia em dias de bola e tem um simpático terraço nas traseiras onde pode organizar o seu jantar de grupo.

  • Atracções
  • Campo de Ourique

Não foi a primeira, nem a segunda casa do poeta. Foi a última. A morada de Fernando Pessoa, para onde se mudou em 1920, fica num prédio adquirido na década de 80 pela Câmara Municipal de Lisboa que na sua posse tinha parte relevante do espólio pessoano, como a cómoda que fazia parte do quarto ou a estante onde guardarva os seus livros. Podem ver-se aqui um núcleo dedicado aos heterónimos de Pessoa, a biblioteca pessoal do poeta e uma zona de exposições temporárias. Por último, o primeiro piso recria o apartamento de Fernando Pessoa e exibe documentos como o bilhete de identidade, o contrato de arrendamento do apartamento, objectos pessoais e até a folha onde escreveu a célebre frase "I know not what tomorrow will bring". Em 2024, a obra de remodelação do edifício foi distinguida com uma menção honrosa nos Prémios Valmor de arquitectura.

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  • Coisas para fazer
  • Campo de Ourique

É uma livraria histórica de Campo de Ourique, com mais de 45 anos de actividade, que funciona como centro cultural alternativo do bairro. Durante os anos 70, vendia livros às escondidas e o escritor Fernando Assis Pacheco era cliente habitual. Hoje tem o selo de Loja com História e guarda na alma a sua passagem pela edição e pela acção política. Participa, ainda, na Feira de Poesia que se realiza no Jardim da Parada.

  • Compras
  • Livrarias
  • Campo de Ourique

Abriu pelas mãos da editora Orfeu Negro essa mesmo, que quer que todos comecem a gostar de livros no ano zero mas também lá andam a Tcharam ou a Planeta Tangerina. Aqui, o principal foco está no encantado mundo dos livros ilustrados do universo infanto-juvenil. Todos os sábados a livraria organiza sessões de histórias, oficinas ou exposições. Só precisa de estar atento à página de Facebook.

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  • Arte
  • Galerias
  • Campo de Ourique

"A Galeria Miguel Nabinho abriu em 2000 e é hoje uma das maiores galerias de arte contemporânea da Península Ibérica, representando alguns dos seus maiores artistas (Pedro Cabrita Reis, Pedro Calapez, Ana Jotta, Jorge Molder, etc). Apesar de ter a sua base de colecionadores institucionais e privados baseada em Espanha e Portugal, os seus artistas têm reconhecimento mundial com exposições nos maiores museus da Europa e EUA" – assim se apresenta a Galeria Miguel Nabinho.

  • Campo de Ourique
  • 3/5 estrelas
  • Recomendado

"Lembro que em Campo de Ourique não se acha uma casa por menos de meio milhão e, no entanto, eis-nos aqui, em plena Ferreira Borges, a fazer uma refeição completa por 12€", fez notar o crítico José Margarido na sua ida a este clássico do bairro. Em destaque na memória ficam, claro, o bitoque (que vem com esparregado), mas também o balcão e a salinha de 9 m² "atravancados por um pilarete". E há também quem gabe muito um nada-segredo desta casa, várias vezes exposto na vitrine: a farófia.

 

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  • Português
  • Campo de Ourique
  • preço 2 de 4

Mário Abadeço fechou 
o seu restaurante Abadeço em Setúbal para se instalar numa casa com história, a do antigo Stop do Bairro, que foi de malas e cachecóis (os que cobriam as paredes do restaurante) para Campolide. O Choco do Bairro abriu a pensar em todos os alfacinhas com desejos de choco frito. Já não precisa de atravessar a ponte e ir até Setúbal, Setúbal está em Campo de Ourique. Sandes de choco, feijoada de choco, ovas de choco, vinho Dona Ermelinda de Freitas, queijos de Azeitão e da Arrábida, tudo como se estivéssemos em terras de Mourinho. Meia dose de choco frito com batatas custa 9€, uma dose (suficiente para duas pessoas) 16,5€.

  • Geladarias
  • Lisboa
Natale Tassitani nasceu e cresceu em Itália, mas só em adulto provou um gelado que o convenceu. Aprendeu a fazê-los, fixou-se em Lisboa e abriu uma gelataria pequenina "com sabores simples e preços populares", diz. No verão a aposta é nos sabores de furta com mantéria-prima vinda da Maçã de Adão, frutaria do bairro, com quem já fez amizade. Há ainda o sabor de arroz doce, que criou quando chegou a Portugal, e vão aparecendo sabores italianos como o tiramisu — tudo em copos e cones de dois sabores (2€) ou três (3€).  
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  • Campo de Ourique

Inaugurado em 2013 no coração de Campo de Ourique, recebeu um lifting inspirado no Mercado de San Miguel, em Madrid. E assentou-lhe bem, sim senhora. Tão bem que muitas vezes é difícil arranjar assento ao fim-de-semana para jantar ou beber um copo.

  • Restaurantes
  • Campo de Ourique

A Tartana fica na Ferreira Borges, a rua que tem mais carros e mais árvores do bairro, e agora também a que tem mais tartes. Ana Galhardo faz cinco ou seis diferentes por dia, para almoços ou para sobremesa. As fatias custam entre os 2,20 e os 2,5€ e dizem que a melhor é a de amêndoa, com base molhada e cobertura estaladiça. Claro que pode levar uma para casa se encomendar com um dia de antecedência (inteira custa 20€).

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  • Campo de Ourique

Este não é o melhor bolo de chocolate do mundo. É bom, muito bom, é dos melhores. Mas a verdade é que um slogan repetido mil vezes institucionaliza-se e quando Carlos Braz Lopes baptizou a sobremesa, há mais de 20 anos, ela transformou-se numa autêntica celebridade gastronómica e hoje todos os lisboetas sabem qual é o bolo que atende por melhor bolo de chocolate do mundo. Encontram-no à venda em várias lojas e restaurantes, mas a morada oficial é em Campo de Ourique, onde aliás nasceu.

  • Francês
  • Campo de Ourique

Ulysse e Quentin são de Poitiers, cidade no centro de França. Mas foi em Campo de Ourique que quiseram abrir a queijaria francesa que também vende produtos como vinhos, mostardas artesanais, terrinas, iogurtes e manteigas e uma considerável selecção de cervejas artesanais francesas, portuguesas e de outras paragens que querem ensinar a beber com queijo. O nome também vem de França, como se intui: o Maître Renard é o "mestre raposa" na fábula "A Raposa e o Corvo", de La Fontaine. A raposa vê um corvo no alto de um galho com um queijo no bico e convence-o a cantar quando lhe diz que tem uma voz linda. É mentira, mas é a maneira de o corvo deixar cair aquela delícia e a raposa se pôr a andar com ela na boca.

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  • Compras
  • Mercearias finas
  • Campo de Ourique

Esta mercearia fina vende alguns dos mais tradicionais produtos do país, aqueles que todos os turistas deviam levar para casa mas que os lisboetas também não se importam nada de ter. Há sabonetes Confiança, perfumes para casa Castelbel, cavacas de Margaride, folar de Valpaços, compotas da premiada Meia Dúzia e, claro, a campeã de vendas sardinha (na capa de blocos de notas, em loiça ou enlatada). Se ainda não despachou todos os presentes de Natal, aqui compõem-se alguns dos mais ricos cabazes da cidade.

  • Coisas para fazer
  • Jogos e passatempos
  • Campo de Ourique
  • preço 2 de 4

Campo de Ourique já tinha um escape room, o Mystery Escape Game, na Rua do Sol ao Rato, e
 ganhou um novo. Chama-se Safarka e dizem que é
um dos mais realistas da cidade, com actores profissionais. Em 60 minutos terá de encontrar cinco gemas escondidas no apartamento de Samuel Nathan, com referências a uma pirâmide no subsolo da Somália. A dificuldade é de 7 numa escala até 10 e conhecimentos de química, matemática e inglês são uma mais-valia. Crianças com 
mais de 12 anos só podem entrar acompanhadas por um adulto.

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